quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nunca vão perceber...

Nunca vão perceber a relação que tinha com a minha avó, nunca ninguém vai perceber o carinho que sentia dela por mim. Nunca ninguém vai entender a dor que carrego comigo, por mais uma vez nesta época me lembrar tanto dela.

Nunca vão perceber o gosto que sentia cada vez que lhe penteava o cabelo e lhe fazia a trança, nunca vão perceber o que sentia cada vez que ela me dizia: "és uma riqueza", não há ninguém que possa compreender o gosto que eu tinha de me sentar com ela no tear e ficar a vê-la tecer uma tarde inteira. O som do pente a batear no tear ainda cá está, o cheiro das tiras continua comigo, o ritual de marcar a teia ainda o sei de cor, e hoje em dia entrar no tear, é dos sítios que mais me custa.

Ninguém, nunca vai compreender, que no dia em que foi para o Hospital, deitada naquela maca, com uma respiração de passarinho e me disse com a sua mão forte na minha: "Minha querida, continua assim, com esse sorriso sempre", foi o dia em que fiquei sem um pedaço do meu coração, porque o dei a ela.

Nunca ninguém vai perceber, que no dia em que aquele telefone tocou, e eu atendi, o meu mundo perdeu cor, e eu fiquei sem uma das pessoas mais importantes na minha vida e da minha história. Porque há coisas que aprendi contigo avó e das quais nunca me esqueço.

Em mais uma época Natalícia, de família, amor e reunião, a tua presença faz falta, faz tanta falta. E eu sinto sempre cada vez mais, que havia tanta coisa que te podia ter dito, tantos abraços que te devia ter dado, tantos beijos que ficaram por dar.

Nunca ninguém vai perceber, e por mais que eu tente aqui expôr a relação que tinha com a minha avó, ninguém vai perceber.

*

1 comentário:

  1. é daquelas coisas que só vividas. nesta época custa sempre um bocadinho mais...ficam as boas recordações. para mim a mais forte é o arroz doce.*
    p.s. - cairam-me umas lágrimas a ler isto.

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