"Houve um dia em que me olhei ao espelho e confesso que não me reconheci. Vinha cansada de tanto destrate e estava disforme. Olhei de novo e não me reconheci. Nesse dia, assegurei-me de que nunca mais, em toda a minha vida, me contentaria com as sobras fosse lá do que fosse. Por isso, bem vês, o problema não és tu. Sou eu. De repente deu-me para ser esquisita e torcer o nariz a restos. Não quero, não gosto, já comi que chegue. De repente cansei-me de esperar pacientemente junto à porta dos fundos que me convidassem para entrar e sentar. Bem vês. O problema não és tu, sou eu. Hoje, não tolero esperas sem fim à vista e não aceito menos do que melhor e o mais exclusivo que a vida tem para me dar. Bem vês, o problema não és tu, sou eu. A vida tornou-me exigente. E ensinou-me a partir. Assim, sem mais. Mas também me ensinou a ficar. Hoje, rendo-me à lógica do ou tenho tudo ou não quero nada. Bem vês, o problema não és tu, sou eu. Sou eu que já não sei nem quero viver com meios-termos, meias coisas, meio tudo e meio nada. Assim, sem mais."
Nem mais. Ponto!
E eu que adorava ter o dom da escrita.
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