"Tu não te atrevas nunca, não ouses nunca, dizer-me que eu nem sequer olhei para trás, nem sequer disse adeus, nem sequer um sorriso forçado, nem sequer um telefonema. Não ouses nunca, não te atrevas nunca, falar do que não sabes nem do que não viste. Porque se algum dia tivermos que falar de ausências ou de silêncios meia vida não nos chega. Tu nunca foste uma pessoa de escolhas difíceis e eu nunca fui de percorrer caminhos fáceis. Só que era escusado, perfeitamente escusado, teres-me deixado neste estado de enfermidade, de insatisfação permanente, de insónia prolongada, sem fim à vista nem solução à espreita. Nesta contradição agonizante de quem tendo partido ainda assim permanece e persiste num lugar que já foi comum."
E eu gostava de escrever assim! Todos temos dons, o dela (Made in Lisbon) é a escrita.
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