quarta-feira, 29 de junho de 2011

2 meses!

Passaram 2 meses. 2 meses Tio. E as saudades ficam por aqui, sempre e cada vez mais. Em cada ida à torreira, em cada lembrança de Verões passados contigo. Em cada ida ao chávega comer percebes ou sapateira. Em cada almoço de família..falta sempre alguma coisa. És tu!

Hoje, dia de S. Pedro, foi só mais um dia em que a tua ausência doeu como mil punhais. Passei por ti naquele quadro que temos na sala, e senti o coração tremer, as lágrimas a insistir em sair, a voz a falhar...hoje sentados à mesa, naqueles almoços longos e cheios de família, vieram-me à lembrança pequenos momentos passados contigo, não consegui conter e tive que mais uma vez ir à casa-de-banho recompor-me.
Tem sido assim, muitas vezes. A tua ausência é uma dor que custa a passar, uma ferida difícil de esquecer...as saudades tio, essas matam-nos por dentro.

A falta que me fazem as tuas perguntas ao telefone: "Então sobrinha essa vida?", ou a que mais gostava de ouvir: "Minha sobrinha preferida, que tens feito desta vida?".

Lembro-me como se fosse hoje, aquela tarde de sábado, quente e tu no hospital, deitado, virado para a janela e eu a contar-te as novidades da minha vida de recém trabalhadora...lembro-me de me agarrares  a mão com força e dizer: "Que bom sobrinha, isso é muito bom!"...hoje essas são palavras que não consigo recordar sem verter uma lágrima.

Quem disse que a saudade não fere, enganou-se profundamente ou nunca sentiu a saudade verdadeiramente.

A laranjeira, continua linda, sempre a crescer e cheia de força (e nisto a culpa é tua!), a Torreira está igual, cheia de vento e nortadas, fresquinha como gostavas, os homens continuam a ir ao mar, e na ria o que tem aparecido mais são chocos.
O teu mano, vai indo. Com o coração nas mãos sempre que se fala de ti, a tua falta é das piores coisas que lhe aconteceu nesta vida, e não há um almoço ou jantar que não se fale de ti e se levante um copo em tua memória.
A M. já sabes, sempre a levar a bola prá frente, e sempre a lembrar-se dos teus jantares improvisados com os restos e sobras de almoços e jantares, e claro sempre a mandar vir com o teu mano, no que toca a compra de peixe e afins (nisso vocês são iguais).
A C. como sempre a trabalhar no duro, à caça das doenças e suas curas. Continua noiva, e andamento na coisa não se vê, mas como tu próprio disseste: "Oh sobrinha, deixa lá isso, sê mas é feliz!". Ela está com umas ideias giras a teu respeito, quando tiver novidades, serás o primeiro a saber.
Eu cá estou, quase tudo na mesma. Semi empregada e semi desempregada, a acreditar que esta país ainda me vai dar muitas alegrias, mas para já a coisa não tá fácil. Continuo a dar consultas (e a correr o Norte de 2ª a 6ª), comecei a dar formação na minha área, e tem sido uma experiência muito interessante (sei que ias adorar ouvir-me a fazer a descrição dos meus alunos...são hilariantes!).

Pardilhó está igual Tio.Calmo, tranquilo e pacato. Agora com o Verão, ias gostar de te sentar no telheiro, a apanhar sol nas pernas e a apreciar as laranjeiras e ervas aromáticas do jardim.

A Tia e a J. estão bem, eu sei que estão bem, mas tal como nós aqui, sentem a tua falta todos os dias, em muitos momentos, em simples palavras.

No fundo, aquilo que todos queríamos era que estivesses aqui. Eu sei que estás, à tua maneira estás!

Passaram 2 meses. E para mim, parece que nada disto aconteceu.

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