As mulheres, por seu lado - não obstante a sua agraciada condição de ser superior, inteligente e mais interessante que os homens - apontam para objectivos variados ao longo da vida. Querem muito o que depois não querem. Utilizam a argumentação como forma de chegar à discussão e não o contrário. Não surpreende por exemplo que os homens sejam melhores amigos entre si do que as mulheres. Os homens são em geral mais lineares (o que não significa necessariamente mais sinceros). Há mais inveja entre grupos de amigos femininos, tal como há mais agressividade física nos grupos de amigos masculinos. E isto como tendência geral do mercado, porque se depois cairmos nas características específicas dos indivíduos, femininos ou masculinos, temos igualmente que contar com outros dados para a equação global: o grau de loucura, o nível de ética, a facilidade em comunicar, experiências anteriores, o projecto de vida que antes de encontrarem uma pessoa de quem gostem tinham para si, etc.
Acresce que de entre as mulheres que conheci há um género desconcertante a que chamo "as científicas". Deve haver qualquer coisa no meu lado emocional com propensão para este género, já que ao longo da vida mantive uma certa queda para estes casos Gestapo. São aquelas mulheres que são capazes de amar montanhas e ao mesmo tempo capazes de instalar em si um interruptor. Podem conter dentro de si guerras interiores sombrias mas preferem agarrar na bomba com as duas mãos, abraçá-la e ir explodir longe. Longe de mim, bem entendido. Carregam no interruptor e mudam o "modo" em que vivem, com ou sem motivo mas sempre sem diálogo. Precisam de uma clivagem violenta a cada x kilómetros, sem isso o risco de ser feliz durante largos períodos de tempo torna-se intolerável.
É tudo uma decisão e a decisão veio do interruptor. Em parte eu também sou assim, talvez por ter aprendido com os melhores. Tento com tudo o que tenho sair de uma espiral, até as que eu comecei, sem me despedaçar demasiado, se possível com olhos postos no futuro. É por esse motivo que gosto de me desfazer do que tenho lá em casa que tenha sido deixado de primaveras anteriores. Peço à minha irmã quando passa por Lisboa para limpar as fotos indesejadas do meu Mac, apago contactos do telemóvel. Mantenho o meu lado do quintal limpo sempre sabendo que, na essência, o meu tipo de amor é diferente. Chamo-lhe o amor Chernobyl e quando oiço relatos de alguns familiares meus que já morreram há muitos anos e que nunca cheguei a conhecer, vejo-me a mim próprio. É o amor feito de radiações. Mesmo depois da exposição ter terminado mantêm-se ondas que vão e vêm. Queima. Digo isto em auto-análise, como homem adulto de 34 anos, que em paz não se arrepende de nada e que não se pode queixar de nada, muito menos da vida. Não tolero demasiadamente amores banais, comedidos, feridos de formalidade ou ocasião social. Têm coisas engraçadas e mamas são mamas, mas não relevam. Se for para ir ao fundo que seja em chamas. Sem odiar, respeitando que há dias neste caminho em que viajas no avião que foi atingido em ambos os motores e que seria ridículo olhares sequer para o para-quedas. Todos os sacanas o sabem: if you're gonna go down, you've gotta go down in style.
Vivemos portanto, balanços apurados e independentemente dos sexos, entre duas espadas. Uma de Wilde, outra de Victor Hugo. Há qualquer coisa incerta e fundamentalmente contraditória entre ambas. Talvez seja apenas a conta."
by, O Bom Sacana
“We are all in the gutter, but some of us are looking at the stars.”
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"If suffer we must, let's suffer on the heights."
Este gajo sabe o que diz, ou melhor, o que escreve.
Dos blogs masculinos que sigo mais religiosamente.
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